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Só no ano passadoPortugueses gastaram 80 milhões de euros em sedativos, hipnóticos e ansiolíticos
20.03.2007 - 09h07 Lusa
Os portugueses gastaram no ano passado mais de 80 milhões de euros em comprimidos sedativos, hipnóticos e para a ansiedade, uma quantia semelhante ao custo total do novo Estádio Municipal de Braga.
De acordo com os dados fornecidos à agência Lusa pelo Infarmed (Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento), em 2006 foram gastos 81,94 milhões de euros em medicamentos para ajudar a dormir ou para combater a ansiedade.
Hoje, Dia Mundial do Sono, os dados do Infarmed mostram que os portugueses consomem anualmente 20 milhões de embalagens deste tipo de comprimidos, o que dá uma média de duas embalagens por cada português. Entre 2004 e 2006, o consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos ultrapassou sempre os 20 milhões de embalagens em cada ano.
"Fico assustadíssima com este uso de medicamentos", comentou à Lusa a neurologista e especialista em distúrbios de sono, Teresa Paiva."Está-se a viver uma loucura de vida em Portugal. As pessoas deixaram de ter hábitos minimamente aceitáveis de dormir e têm sempre mais compromissos do que deviam ter, mesmo financeiros e desenvolvem quadros de ansiedade muito grandes", acrescentou.Para a especialista, esta "forma desassossegada de vida" é a raiz dos problemas de sono que, aliada a uma "prática errada" na prescrição dos fármacos, leva a "números exagerados" no consumo de medicamentos ansiolíticos e sedativos."Há uma prática social e cultural que leva as pessoas a quererem consumir medicamentos para dormir. E qualquer médico receita um medicamento a uma pessoa que diga que não consegue dormir. É uma prática errada", adiantou.
Teresa Paiva alertou ainda para os "malefícios" deste tipo de medicamentos, que causam elevada habituação e "apenas resolvem os problemas temporariamente".Podem ainda causar problemas de memória e aumentam significativamente o risco de acidentes domésticos e de viação.Consultas do sono disparamO número de consultas do sono para diagnosticar e tratar doenças como a apneia tem crescido em Portugal devido ao aumento de casos de obesidade e a um maior conhecimento destas patologias, disse hoje Marta Drommond, pneumologista do Hospital de São João, no Porto. Só neste hospital o número de primeiras consultas do sono cresceu 40 vezes em oito anos, de acordo com dados fornecidos por esta especialista.Em 1998, quando foi criada, a consulta do sono atendeu 32 pessoas, mas no ano passado foram dadas mais de 1200 primeiras consultas que servem para detectar apneias do sono (paragens respiratórias durante a noite) ou para resolver problemas como o ressonar.
No total, o Hospital de São João deu mais de 5600 consultas deste tipo em 2006.Segundo Marta Drumond, o aumento do número de consultas estará relacionado com o estilo de vida actual, com o acréscimo de prevalência da obesidade e com o facto de os médicos de clínica geral estarem mais atentos aos sintomas da apneia do sono.Excesso de sonolência durante o dia, cefaleias matinais, cansaço extremo de manhã ou alterações na memória são alguns dos sintomas da apneia do sono, caracterizada por paragens respiratórias superiores a dez segundos durante a noite.
A roncopatia (ressonar) também é um dos sintomas, mas quem ressona não tem necessariamente apneia do sono, sublinhou Marta Drummond.Em Portugal não há dados sobre a prevalência da apneia do sono, estando actualmente a decorrer um processo para tentar fazer convénios com empresas de estatística que façam recolha e compilação de dados.No entanto, a pneumologista Marta Drummond acredita que a prevalência da síndrome em Portugal é semelhante à estimativa feita para o mundo ocidental, que revela que a apneia afecta dois por cento de mulheres e quatro por cento de homens.O maior número de casos no sexo masculino deve-se ao facto de a via respiratória ser mais longa e ter mais tendência para fechar.Portugal inaugurou as consultas do sono em 1983, no Laboratório do Sono do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.'
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