O "depois"

Há qualquer coisa de excitante no facto de tomarmos a braços uma tarefa grande, de responsabilidade, daquelas que levam um grande planeamento, só com tarefas a cumprir e sem resultados intercalares, cuja soma dos pontos se resume a um resultado que é mostrado num só dia. Os 6 ou mais meses de planeamento e trabalho constante contribuem apenas para o crescendo de expectativa para "aquele(s)" dias em que tudo é concretizado e aí é definido o sucesso (e a validade) de meses de esforço. Nos últimos dias de antecipação, em que tudo se precipita para o final, luta-se com a vontade surda de que tudo passe depressa que bate de frente com o desejo de que haja mais tempo para não termos de correr.

E pronto. Acontece. O resultado é bom (ou excelente, ou bonzinho) e ficamos com a sensação de "pronto, já está! venha o próximo!", a cabeça fervilha ainda, as ideias de melhorar chegam em catadupa e temos a sensação de trabalho cumprido.

Mas ainda não acabou. Depois da festa é preciso arrumar a casa, fazer o relatorio, acertar as contas - tarefa que parece ingloria. O cansaço do "nervoso miudinho" abate-se sobre nós, e enquanto não começa a próxima maratona em força, que nos ocupa de novo a cabeça e o espírito, invade-nos o amargo de boca da "vidinha"...

A adrenalina vai-se. Pergunto-me de manhã, depois de uma noite bem dormida, de onde vieram as olheiras, as manchas na pele, os olhos raiados que durante o "pico de stress" não estavam lá; porque é que agora, que tudo correu bem, depois dos parabéns e dos contactos, não é a satisfação que fica - mas sim um abalo, uma tristeza deslocada, uma sensação de vazio.

Dou por mim com um nó na garganta. Invadem-se pensamentos de tristezas passadas, que não têm nada a ver com o que acabei de viver, penso em erros, nos fracassos, nas situações em que ficou apenas a frustração de não poder reagir. Como se um demónio me espreitasse para me "estragar a festa".

Mas é só hoje. E talvez amanhã.

Hoje ganhei mais uma conferencia :-) 2ª feira começo em força! :-) Ou talvez amanhã :-)